A saga do Junior

E o Junior, hein?

Iara Costa
4 min readJul 19, 2022

Você precisa aprender a levantar-se da mesa quando o amor não está mais sendo servido.

>>> Troque ‘amor’ por respeito e ‘levantar da mesa’ com o ‘nem se dê ao trabalho de sentar’

Tenho contato com muitas pessoas que estão começando ou que estão no início como eu e por isso eu me deparo com os mais variados tipo de situações. Mas a questão indiscutível é que a história (estória na verdade) que se você se dedicar e estudar bastante ‘você vai sim ter logo uma primeira oportunidade’ é falácia, tá? Isso é uma grande inverdade.

Experiência própria.

Além das várias muitas coisas, existem duas que me irritam, por motivos de que sangue de barata não temos: vaga para junior (ou até mesmo estagiário) pedindo experiência. E não é qualquer experiência não, é experiência em ‘Design System, experiência anterior em financeiras, planilhas, sistemas ABCD e bla bla bla’. Pra um ju-ni-or ou até mesmo es-ta-gi-á-rio. Estão me entendendo? Se quer contratar alguém experiente, ok, mas PLMDDS não coloquem junior e nem estágio na vaga, por favor.

A outra coisa é sobre o que se exige. Já vi vagas de UX/UI Design pedindo excelência em Photoshop, Illustrator, After Effects e pasmem ‘saber programar em .NET’. Parece exagero, mas eeeeuuuu vi, por incrível que possa parecer.

Isso me faz ir mais a fundo. Todo esse fenômeno me faz pensar na cultura brasileira e nos possíveis porquês dessas coisas acontecerem; porque não sei se disse, mas eu esgoto o assunto na minha cabeça até ela fazer nem que seja o menor sentido. A coisa toda precisa ter lógica, ter raiz em algo. Coitado de Charles, meu terapeuta, ele que lute. E sim, eu chego a muitas conclusões sobre essa questão que dá facilmente outro post. A cultura brasileira: uma cultura que em partes me identifico e que em outras eu penso (na linguagem informal com a qual me comunico comigo mesma): ‘mano do céu, não é possível um negócio desses não.’

Eu já cheguei a pensar que é porque sou nordestina. Não é perseguição nem vitimismo, coisas que por sinal não suporto. Mas juro: isso também dá outro post.

O que posso estar fazendo de errado? As entrevistas, né? Pensei nisso. Porque a maioria quer que joguemos um jogo: ouvir exatamente o que eles querem. Sem falhas e nem vulnerabilidades. Já me falaram em mentir, omitir ou aumentar talvez, mas o problema é que não consigo. Morro de medo de falarem ‘Ei Iara, sabe aquela planilha? Pode entregar daqui a 1h?’ E eu, que disse na entrevista que sabia fazer, precisaria de no mínimo 3 horas e 7 vídeos no Youtube pra aprender e colocar em prática. Essa questão do RH por incrível que pareça também dá outro post.

Essa aqui é uma Junior — em nome de muit@s — desabafando. Uma pessoa que estuda desde maio de 2021 (quase um ano e meio contando de hoje). E não, não é estudinho de mentirinha não. É uma pessoa super dedicada, sem o menor medo de afirmar isso. Estou pronta pra ser uma profissional Senior? Claro, óbvio, evidente que não. Sou Junior. Vou ter minhas dificuldades, meus tropeços, vou pedir ajuda, vou sentir a cabeça latejar quando uma coisa estiver difícil e eu não souber o que fazer, mas eu vou aprender e vou sim um dia ser Senior. Ah se vou.

Mas não em qualquer lugar.

Eu vou dar a quem me dá. Trabalho é uma troca, né? E se a empresa não te valorizou agora, não é depois que vai valorizar. Você passa no mínimo 1/3 da sua semana no trabalho, sério que você vai querer trabalhar num lugar que te trata como nada e não como gente? Eu sinto muito se você tiver que passar por isso.

No mais, há alguns meses estou fazendo uso do meu autodidatismo e estudando mais do que estaria se estivesse matriculada numa faculdade. Passo os dias imersa em cursos na área (UX/UI/Design), inglês e tantos outros como o de Autoconhecimento e Transformação do Calabrez, por exemplo (que inclusive amo, aff).

Ah Iara e por que esse post? Porque tem um tempo que estou sumida daqui da vida digital, mas estou um bocado ativa na vida real. Eu cansei, não vou mentir não. Eu cansei e precisei de um tempo. E estou usando esse tempo pra aprender mais, mesmo sabendo que o erro de certas coisas, nesse caso específico, não está em mim.

Cuidado com o que vendem. Sou formada em Marketing, porém uma ‘marketeira’ talvez fora da curva. Sou totalmente contra a mentira, a enganação, a ilusão única e exclusivamente pra vender. ‘Ah não prometi nada’. Mentira, prometeu sim. Prometeu que se se dedicasse as coisas fluíriam normalmente e de certa forma rapidamente.

Mas eu to aqui, viu? Continuo apaixonada — e cada vez mais — pelo mundo UX, estudando e dando umas ‘bizoiadas’ em empresas e vagas que parecem fazer sentido eu me candidatar. Enquanto isso vou seguindo no meu autoaperfeiçoamento, porque acredito piamente que as coisas virão quando tiverem que vir. Eu não pisarei meus pés onde — por inúmeros motivos — eu não devo estar. É aquela questão da frase da Nina Simone que citei no início do post.

PS. as questões do ‘isso dá outro post’ provavelmente vão sim dar outros posts :P

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Iara Costa

Conhecendo - e amando - o mundo da experiência do usuário.